O que é ESG? - Environmental, Social and Governance

POR Pedro Coelho

Publicado: domingo, 31 de outubro de 2021

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A sigla ESG vem do inglês “Environmental, Social and Governance” , que basicamente significa Ambiental , Social e Governança . Os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) são um conjunto de padrões para as operações de uma empresa que os investidores socialmente conscientes usam para selecionar os investimentos potenciais.

Os critérios ambientais consideram o desempenho de uma empresa como zeladora da natureza. Os critérios sociais examinam como ela gerencia os relacionamentos com funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades onde atua. A governança lida com a liderança da empresa, remuneração de executivos, auditorias, controles internos e direitos dos acionistas.

História do ESG

Nos últimos anos, temos testemunhado uma mudança significativa nas práticas empresariais em direção a uma abordagem mais responsável e sustentável. Essa mudança é impulsionada pelo crescente reconhecimento dos impactos sociais, ambientais e de governança das atividades corporativas.

O conceito de ESG emergiu como uma estrutura fundamental para guiar as empresas em suas práticas de negócios. Vamos explorar como o ESG evoluiu ao longo do tempo e se tornou um componente essencial para empresas comprometidas com a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa.

Durante as décadas de 1950 a 1970, começaram a surgir discussões sobre responsabilidade corporativa. Em 1953, o livro "Responsabilidades Sociais do Empresário", de Howard Bowen, desafiou a ideia de que o principal dever de uma empresa era apenas maximizar os lucros dos acionistas.

Movimentos políticos, como os protestos contra a Guerra do Vietnã e os movimentos pelos direitos civis, levaram a um aumento da conscientização sobre questões sociais. O primeiro Dia da Terra mundial, em 1970, destacou as preocupações ambientais causadas pelas atividades industriais.

Durante as décadas de 1980 e 1990, organizações internacionais, como o Banco Mundial e as Nações Unidas, começaram a desempenhar um papel mais ativo na promoção da sustentabilidade e na abordagem de questões sociais e ambientais.

Em 1983, as Nações Unidas estabeleceram um órgão autônomo para investigar a conexão entre atividade humana, ambiente e política econômica. O termo ESG foi cunhado em 2004, marcando o reconhecimento oficial da importância dos fatores ambientais, sociais e de governança nos negócios.

Hoje, o ESG evoluiu de um conceito de nicho para uma estrutura fundamental para práticas empresariais responsáveis. Empresas e marcas reconhecem a importância de abordar o impacto ambiental, questões sociais e práticas de governança em suas operações.

À medida que enfrentamos desafios globais, como as mudanças climáticas e a desigualdade social, o ESG capacita as empresas a criar valor além da mera rentabilidade financeira, beneficiando todas as partes interessadas.

Como funcionam os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG)

Os critérios ESG são uma realidade e não há mais retorno, pois o tema anda ganhando força no mundo corporativo, e esta sendo adotado mundialmente por organizações públicas e privadas. O intuito do ESG é promover e cumprir metas objetivas de desenvolvimento sustentável.

Nesse sentido, os indicadores ESG foram criados para avaliar o desempenho sócio ambiental e de governança nas organizações. O ESG não se trata simplesmente de avaliar a organização, mas sim de identificar em qual estagio ela se encontra, para pode buscar formas para medir o desempenho de sustentabilidade do negócio.

Além disso, o negócio também tem que transmitir as informações dos seus “stakeholders” de forma transparente; mas a final quem são esses stakeholders?

"Os Stakeholders são todas as entidades ou pessoas que, de alguma forma, são afetados ou tem interesse no negócio, como clientes, fornecedores, investidores, sócios e entre outros."

Não importa o tamanho da organização, o que importa é estabelecer práticas para um futuro melhor para todos, e para o planeta.

O ESG tem atraído vários jovens investidores que tem demonstrado um certo interesse em colocar o seu dinheiro onde estão os valores ESG, pois os mesmos não querem estar vinculados com empresas que não se preocupam com o nosso planeta.

Como resultado disso, as corretoras e empresas de fundos mútuos começaram a oferecer fundos negociados em bolsa (ETFs) e outros produtos financeiros que seguem os critérios ESG. Esse interesse nos critérios ESG tem crescido bastante com passar dos anos, e a tendência é aumentar cada vez mais.

Tipos de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG)

Existem três partes principais para investir em ESG - os aspectos ambientais, sociais e de governança.

Meio Ambiente

Os critérios ambientais podem incluir o uso de energia de uma empresa, resíduos, poluição, conservação de recursos naturais e tratamento de animais. Os critérios também podem ser usados na avaliação de quaisquer riscos ambientais que uma empresa possa enfrentar e como a empresa está gerenciando esses riscos.

Por exemplo, pode haver questões relacionadas à propriedade de terrenos contaminados, ao descarte de resíduos perigosos, ao gerenciamento de emissões tóxicas ou à conformidade com as regulamentações ambientais do governo.

Social

Os critérios sociais consideram as relações comerciais da empresa, logo o investidor analise se a empresa:

• Funciona com fornecedores que possuem os mesmos valores que afirma ter?
• Doa uma porcentagem de seus lucros para a comunidade local ou incentiva os funcionários a realizarem trabalhos voluntários por lá?
• Possui condições de trabalho que demonstram grande consideração pela saúde e segurança de seus funcionários?
• Leva em consideração os interesses de outras partes interessadas?

Governança

Em relação a governança, os investidores podem querer saber se uma empresa usa métodos contábeis precisos e transparentes e se os acionistas têm permissão para votar em questões importantes.

Eles também podem querer garantias de que as empresas evitam conflitos de interesse na escolha dos membros do conselho, não usam contribuições políticas para obter tratamento indevidamente favorável e, é claro, não se envolvem em práticas ilegais.

Nenhuma empresa pode passar em todos os testes em todas as categorias, é claro, então os investidores precisam decidir o que é mais importante para eles e fazer a pesquisa.

Benefícios da aplicação do ESG da empresas

Os critérios ESG oferecem diversos benefícios as empresas, e ajudam as empresas a melhorar seus processos de controle interno, aumentando a transparência, a governança e a gestão eficiente dos riscos. Isto permite que as empresas façam melhores escolhas de investimento, desenvolvam relações de longo prazo com os investidores e aumentem a confiança dos consumidores em seus produtos e serviços.

Os princípios ESG ajudam as empresas a desenvolver práticas de contratação responsáveis. Por exemplo, as empresas podem estabelecer requisitos de contratação que incluam critérios de remuneração igualitários, bem como oportunidades de emprego para minorias empregáveis.

O ESG ajuda as empresas a se engajarem em práticas de responsabilidade social, como doações e iniciativas de voluntariado. Estas iniciativas ajudam as empresas a criar uma imagem positiva e a colaborar com a comunidade, contribuindo para um crescimento sustentável.

Empresas que aplicam os critérios ESG no Brasil

O ESG no Brasil tem recebido atenção crescente dos investidores, governos e empresas. O aumento da adoção de práticas ESG tem sido impulsionado por questões como a implementação da legislação ambiental, o crescimento do interesse em investimentos sustentáveis e a pressão dos acionistas.

O governo brasileiro tem incentivado o uso de práticas ESG, inclusive com a aprovação de leis, regulamentos e políticas. Por exemplo, em 2018, o Brasil aprovou a Lei de Responsabilidade Socioambiental (LRSA), que estabelece padrões de responsabilidade socioambiental para as empresas.

A lei visa garantir que as empresas cumpram com suas responsabilidades ambientais, sociais e de governança. Além disso, os investidores brasileiros também estão se engajando cada vez mais em práticas ESG. Por exemplo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) lançaram vários fundos de investimento ESG no Brasil. Estes fundos visam investir em projetos com impacto ambiental e social positivo.

No âmbito das empresas, muitas estão adotando práticas de ESG para melhorar sua imagem e aumentar suas receitas. Por exemplo, a Usiminas, uma empresa brasileira de siderurgia, tem adotado práticas de ESG, como o estabelecimento de metas climáticas e a redução de seu uso de combustíveis fósseis.

O ESG no Brasil tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos, com o governo, os investidores e as empresas adotando práticas mais sustentáveis. Espera-se que o campo continue a crescer, em linha com o crescente interesse em investimentos sustentáveis e responsabilidade ambiental.

ESG da ONU

O ESG da ONU é uma abordagem global para o desenvolvimento sustentável que busca promover o bem-estar das pessoas, proteger o meio ambiente e garantir que as sociedades e os mercados funcionem de forma justa. Esse ESG é baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU em 2015 para ajudar a alcançar a meta de "um planeta saudável para todos".

O ESG da ONU incentiva o uso de práticas responsáveis de governança corporativa, incluindo a transparência, a responsabilidade fiscal e a integridade. A abordagem também visa reduzir o aquecimento global e as emissões de carbono e promover a diversidade e a inclusão.

Além disso, ele também incentiva o investimento responsável, incluindo a avaliação de riscos ambientais, sociais e de governança (ESG). Os investidores são incentivados a considerar os fatores ESG ao avaliar a rentabilidade de um investimento e ao estabelecer critérios de investimento.

A ONU também tem trabalhado para promover a implementação de práticas de ESG por meio de incentivos financeiros, como fundos de investimento ESG e programas de certificação. Estas iniciativas visam motivar as empresas a seguir práticas econômicas, ambientais e sociais responsáveis e a contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Como se aplica o ESG ao mercado de ações?

O ESG está se tornando cada vez mais importante no mercado de ações. Os investidores estão cada vez mais conscientes das práticas de ESG e querem investir em empresas que adotem boas práticas de ESG.

Esta tendência tem se tornado uma oportunidade para as empresas de mostrar sua responsabilidade social e seu compromisso com o meio ambiente. Além disso, as empresas que adotam práticas de ESG também podem receber um benefício financeiro, pois seus ações podem ser valorizadas porque os investidores acreditam que elas têm um desempenho social e ambiental mais forte.

O mercado financeiro também está se tornando cada vez mais consciente das questões de ESG, e muitos investidores agora estão exigindo que as empresas que eles investem sejam mais transparentes sobre suas práticas de ESG. Por fim, os índices de ESG também estão se tornando cada vez mais comuns, permitindo que os investidores façam seleções de ações baseadas em critérios de ESG.

Considerações especiais que um investidor ESG vê em uma empresa

Em um nível prático, as empresas de investimento que seguem os critérios ESG também devem definir prioridades. O investidor ESG geralmente usa uma seleção de fatores ESG para ajudar a identificar empresas bem posicionadas para um forte desempenho de longo prazo.

Determinado em parte por analistas que identificam problemas enfrentados por diferentes setores e indústrias, os critérios ESG incluem evitar:

• Empresas que operam em áreas de alto risco ou têm exposição à mineração de carvão ou rocha dura, energia nuclear ou a carvão, prisões privadas, biotecnologia agrícola, tabaco, areias betuminosas ou armas e armas de fogo.
• Ou empresas que têm controvérsias importantes ou recentes com direitos humanos, bem-estar animal, questões ambientais, questões de governança ou segurança de produtos.

Os critérios positivos que o investidor ESG busca (ou considera) incluem:

Meio Ambiente

• Empresas que publicam relatórios de carbono ou sustentabilidade.
• Limita geração de poluentes e o uso de produtos químicos prejudiciais.
• Busca diminuir as emissões de gases de efeito estufa.
• Usa fontes de energia renováveis.

Social

• Empresas que operam uma cadeia de abastecimento ética.
• Apoia os direitos LGBTQIA+ e incentiva a diversidade.
• Possui políticas de proteção contra má conduta sexual.
• Paga salários justos.

Governança

• Empresas que abraçam a diversidade em seu conselho
• Abraça a transparência corporativa
• Emprega um CEO independente do presidente do conselho

Prós e contras dos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG)

Os investimentos socialmente responsáveis tem a reputação de exigir meio que uma troca por parte do investidor. Por limitarem o universo de empresas elegíveis para investimento, esses investidores as vezes também limitam o seu lucro potencial, pois as vezes algumas empresas "ruins" podem ter um desempenho muito bom, pelo menos em termos de preço de suas ações.

Os investidores ESG acreditam que os critérios ambientais, sociais e de governança têm um propósito prático que vai além de quaisquer preocupações éticas. Seguindo os critérios ESG, eles podem ser capazes de evitar empresas cujas práticas possam sinalizar fatores de risco social e ambiental, que podem causar grandes prejuízos para o investidor.

As práticas de negócios voltadas para ESG estão ganhando cada vez mais força ano após ano, e as empresas de investimento estão cada vez mais monitorando o desempenho das empresas que adotam práticas de negócio voltadas para o ESG.

Integrando Lean Six Sigma ao ESG

Integrar o Lean Six Sigma ao ESG é uma abordagem estratégica que alinha metodologias de melhoria de processos com metas de sustentabilidade.

O Lean Six Sigma, uma metodologia que combina os princípios de redução de desperdício do Lean com o foco de redução de defeitos do Six Sigma, pode ser uma ferramenta poderosa para organizações que buscam melhorar seu desempenho ESG.

Ao aplicar o Lean Six Sigma, as empresas podem otimizar as operações, reduzir o consumo de recursos e minimizar o desperdício, o que contribui diretamente para a sustentabilidade ambiental.

Além disso, o aspecto social do ESG pode se beneficiar do Lean Six Sigma por meio de eficiências trabalhistas aprimoradas e ambientes de trabalho mais seguros, levando a uma melhor satisfação dos funcionários e relações com as partes interessadas.

A governança, o terceiro pilar do ESG, é fortalecida à medida que a abordagem orientada por dados do Lean Six Sigma promove transparência e responsabilidade nos processos de negócios.

A integração dessas metodologias incentiva uma cultura de melhoria contínua e gestão responsável, o que é essencial para a sustentabilidade de longo prazo e práticas comerciais éticas.

Organizações que fundem com sucesso o Lean Six Sigma com os princípios ESG podem não apenas atingir a excelência operacional, mas também ganhar uma vantagem competitiva ao demonstrar seu comprometimento com o desenvolvimento sustentável.

A sinergia entre o Lean Six Sigma e o ESG representa um caminho holístico para alcançar a otimização de desempenho sustentável, promovendo um equilíbrio entre lucratividade e responsabilidade social.

À medida que as empresas enfrentam uma pressão crescente para operar de forma sustentável, aquelas que adotam essa abordagem integrada estarão bem posicionadas para enfrentar os desafios do cenário empresarial moderno.

Referências

• https://www.investopedia.com/terms/e/environmental-social-and-governance-esg-criteria.asp (acessado em 30/10/2021 as 12:23)
• https://kingsbraegbl.com/services/environmental-social-and-governance-expertise/ (acessado em 30/10/2021 as 12:33)
• Notas de aula do curso sobre a visão ESG, Bureau Veritas, 2021.
• https://chiefexecutive.net/applying-esg-principles-to-employer-benefit-programs-becoming-the-standard-rather-than-unique/ (acessado em 22/03/2023 as 19:52)

Sobre o autor

Olá meu nome é Pedro Coelho, eu sou engenheiro químico, engenheiro de segurança do trabalho e Green Belt em Lean Six Sigma. Além disso, também sou estudante de engenharia civil, e em parte de minhas horas vagas me dedico a escrever artigos aqui no ENGQUIMICASANTOSSP, para ajudar estudantes de Engenharia Química e de áreas correlatas. Se você está curtindo essa postagem, siga-nos através de nossas paginas nas redes sociais e compartilhe com seus amigos para eles curtirem também :)