Toxicidade do chumbo e os sintomas da doença causada pelo chumbo

POR Pedro Coelho

Publicado: quarta-feira, 4 de julho de 2012

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O chumbo é um metal pesado altamente tóxico para os seres humanos e o meio ambiente. A exposição ao chumbo pode ocorrer por meio da ingestão, inalação ou contato dérmico com materiais que contenham chumbo, como tintas, água contaminada, poeira, alimentos e produtos industrializados.

A toxicidade do chumbo pode afetar diversos sistemas e órgãos do corpo humano, como o sistema nervoso central, os rins, o sistema cardiovascular e o sistema reprodutivo. Em crianças, a exposição ao chumbo pode causar danos neurológicos irreversíveis, afetando o desenvolvimento cognitivo e comportamental. Em adultos, a exposição crônica ao chumbo pode levar a problemas de saúde, como doenças renais, danos ao sistema cardiovascular e redução da fertilidade.

Breve histórico do uso do chumbo e as suas propriedades

O chumbo é um metal cinza-azulado encontrado em pequenas quantidades na crosta terrestre, geralmente associado a minérios, principalmente aos que contêm zinco.

A maioria de todo o Chumbo impuro do planeta é encontrado na forma de galena (sulfeto de chumbo – PbS) – minério mais comum. Sendo encontrado junto a outros metais, como: Cobre, Zinco, Prata e Tório; além de Urânio.

O chumbo possui um baixo ponto de fusão (327,5 °C), a ductibilidade e a facilidade de formar ligas, devido a essas características, o chumbo acabou sendo muito utilizado pelo homem, desde a antiguidade, para a confecção de utensílios domésticos, armas, adornos e etc. Tendo isso causado diversos casos de intoxicações ocupacionais e ambientais, pois a toxicidade do chumbo era desconhecida e, seu manuseio era precário.

As torneiras romanas de chumbo são um testemunho fascinante da engenharia e da vida cotidiana no Império Romano. O chumbo era amplamente utilizado pelos romanos para a fabricação de tubulações e torneiras, devido à sua maleabilidade e resistência à corrosão.

A toxicidade do chumbo teve seus primeiros relatos há mais de 2000 anos. No entanto, na primeira revolução industrial no século XVIII, quando a utilização do chumbo atingiu uma grande escala, os casos de intoxicação com o chumbo cresceram muito, pois às condições de manuseio do chumbo ainda eram precárias, sem conta, que muitas pessoas ainda não tinham o conhecimento da toxicidade do chumbo.

Hoje apesar de se ter maior conhecimento sobre a toxicidade do chumbo, ainda não tem como se proteger 100%, alguém que trabalha com seu manuseio, mas tem como evitar que o resíduo do chumbo contamine rios, lagos e mangues. No entanto, ainda acontecem algumas tragédias de contaminação, como no caso da COBRAC em Santo Amaro (Ba).

Foto da antiga Companhia Brasileira de Chumbo (COBRAC), responsável por transformar a cidade de Santo Amaro da Purificação (Bahia) em uma “cidade de chumbo”.

Quais são os Perigos do Chumbo?

Os perigos do chumbo incluem a exposição crônica aos níveis elevados, que pode causar danos ao sistema nervoso, problemas de saúde mental, danos nos rins, anemia, danos no fígado, problemas de saúde reprodutiva, inflamação do sistema digestivo e câncer.

A exposição ao chumbo também pode causar danos ao sistema imunológico, particularmente em crianças que ainda estão se desenvolvendo. Em doses mais elevadas, o chumbo pode levar à morte.

Aspectos toxicológicos do chumbo

O chumbo é altamente tóxico para os seres humanos e animais. Os efeitos toxicológicos do chumbo dependem da forma, dose e via de exposição. Os efeitos agudos da exposição ao chumbo incluem dores de cabeça, náuseas, vômitos, diarreia, fadiga e, às vezes, convulsões. A exposição crônica pode levar a danos renais, anemia, problemas neurológicos, danos no sistema reprodutivo, crescimento retardado, cegueira e até mesmo morte. 

O chumbo também pode afetar negativamente o desenvolvimento mental e comportamental de crianças, bem como a saúde pulmonar, cardiovascular e reprodutiva. Portanto, é importante tomar medidas para reduzir ou eliminar a exposição ao chumbo.

Toxicodinâmica do chumbo

A toxicodinâmica do chumbo é o estudo dos efeitos tóxicos que o chumbo tem sobre o corpo humano. O chumbo é um elemento químico altamente tóxico, que pode causar danos ao sistema nervoso, rins, sistema cardiovascular e outros órgãos.

Quando exposto a altas concentrações de chumbo, os sintomas incluem dor de cabeça, náusea, vômito, diarréia, dor abdominal e fraqueza. O chumbo também pode afetar a memória, a capacidade de aprendizado e o desempenho cognitivo. A exposição crônica ao chumbo pode levar a problemas renais, anemia e problemas neurológicos.

O chumbo pode entrar no corpo através da inalação, ingestão ou absorção cutânea. A exposição ao chumbo é particularmente perigosa para as mulheres grávidas, pois pode resultar em defeitos congênitos.

Como ocorre a contaminação por chumbo

O chumbo não apresenta nenhuma função fisiológica conhecida sobre o organismo de seres humanos e animais. Quando o chumbo entre em contato com o organismo, o mesmo não sofre metabolização, sendo complexado por macromoléculas, diretamente absorvido, distribuído e excretado.

As vias de contaminação podem ser a inalação de fumos e poeiras (mais importante do ponto de vista ocupacional) e a ingestão (através de água e alimentos contaminados). Apenas as formas organificadas do metal podem ser absorvidas via cutânea. O chumbo é bem absorvido por inalação e até 16% do chumbo ingerido por adultos pode ser absorvido. Em crianças, o percentual absorvido através da via digestiva é de 50%. Uma vez absorvido, o chumbo é distribuído para o sangue, onde tem meia-vida de 37 dias, nos tecidos moles, sua meia-vida é de 40 dias e nos ossos, sua meia-vida é de 27 anos, constituindo estes o maior depósito corporal do metal armazenando 90 a 95% do chumbo presente no corpo.

Bandas densas em metáfises de ossos longos de crianças expostas ambientalmente a chumbo (criança residente nas proximidades de fábrica de baterias).

Doença causada pela intoxicação por chumbo

O saturnismo (ou plumbismo) é o nome dado à intoxicação por chumbo, termo derivado do deus romano Saturno, que os romanos acreditavam ser quem lhes concedeu esse metal.

O saturnismo têm vários sintomas característicos, dependendo da concentração de chumbo no sangue, e se a concentração de chumbo for muito alta acima de 100µg, pode causar até a morte da pessoa.

Os sintomas iniciais do saturnismo em uma leve exposição ao chumbo são frequentemente sutis e inespecíficos envolvendo o sistema nervoso (fadiga, irritabilidade, distúrbios do sono, cefaleia, dificuldades de concentração, redução da libido), sistema gastrointestinal (cólicas abdominais inespecíficas de fraca intensidade, anorexia, náusea, constipação intestinal, diarreia), dor em membros inferiores e morte do feto em caso de mulher gravida.

Já se a exposição for um pouco maior, esses sintomas podem evoluir em quadros crônicos de maior gravidade, que se manifestam por meio de nefropatia com gota (redução da eliminação de uratos) e insuficiência renal crônica, encefalopatia crônica com alterações cognitivas e de humor, e neuropatia periférica.

Já casos de intoxicações agudas decorrentes de exposições intensas por períodos curtos são excepcionais. Pois geralmente, os quadros agudos surgem no curso de intoxicações crônicas e se caracterizam por encefalopatia aguda (confusão mental, cefaleia, vertigens e tremores aos quais se seguem convulsões, delírio e coma), neuropatia periférica grave com paralisia de músculos cuja inervação foi fortemente atingida (geralmente o nervo radial).

Os quadros agudos podem cursar ainda com cólicas abdominais difusas de forte intensidade (muitas vezes acompanhadas de constipação intestinal, hipertensão arterial, ausência de leucocitose ou alterações no exame do abdome e excepcionalmente febre). Este último quadro, também chamado de cólica saturnina constitui uma importante forma de manifestação da intoxicação. São relatados ainda quadros de nefropatia aguda com tubulopatia proximal com aminoaciduria, fosfatúria e glicosuria , "síndrome de Fanconi".

Existem ainda estudos sobre a possibilidade de o chumbo causar câncer. Porem, os resultados ainda são inconclusivos.

Como tirar o chumbo do corpo?

O chumbo pode ser removido do organismo com o auxílio de medicação, dieta e exercícios. O tratamento médico é necessário, pois existem medicamentos que ajudam a aumentar a eliminação de chumbo e também aliviar os sintomas causados pelo envenenamento.

A dieta deve incluir alimentos ricos em cálcio, ferro e zinco, que ajudam a remover o chumbo do organismo. Por fim, os exercícios ajudam a estimular o sistema imunológico, ajudando na eliminação de chumbo.

Quanto tempo demora para eliminar o chumbo do organismo?

O tempo necessário para eliminar o chumbo do organismo depende da quantidade de exposição ao metal e da saúde do indivíduo. Em geral, leva de 3 a 4 meses para que o chumbo seja completamente eliminado do organismo. No entanto, o chumbo que está depositado nos ossos pode demorar mais de 20 anos para ser eliminado totalmente do organismo.

Artigo em formato de audio narrado por Antonio Nunes: 

https://www.youtube.com/watch?v=3PvGkn71wLM

Referências

• Atenção à saúde dos trabalhadores expostos ao chumbo metálico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.
• http://www.infoescola.com/saude/intoxicacao-por-chumbo/ (Acessado em 03/07/2012 as 22:55)
• http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/chumbo/ (Acessado em 24/07/2013 as 11:35)
• http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/laboratorios/fit/chumbo.pdf (Acessado em 24/07/2013 as 12:36)
• http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mX.chum.htm (Acessado em 24/07/2013 as 13:53)
• http://www.crq4.org.br/?p=texto.php&c=a_importancia_do_chumbo_na_historia (Acessado em 25/07/2013 as 14: 05)
• https://www.cbsnews.com/news/usa-today-network-report-lead-contamination-in-water-nationwide-levels-rival-flint/ (Acessado em 12/07/2023 as 14: 05)
• https://link.springer.com/article/10.1007/s42832-022-0134-6 (Acessado em 12/07/2023 as 14: 05)
• https://www.health-metric.com/blogs/water-quality-blog/all-about-lead-contamination  (Acessado em 12/07/2023 as 14: 05)

Sobre o autor

Olá meu nome é Pedro Coelho, eu sou engenheiro químico, engenheiro de segurança do trabalho e Green Belt em Lean Six Sigma. Além disso, também sou estudante de engenharia civil, e em parte de minhas horas vagas me dedico a escrever artigos aqui no ENGQUIMICASANTOSSP, para ajudar estudantes de Engenharia Química e de áreas correlatas. Se você está curtindo essa postagem, siga-nos através de nossas paginas nas redes sociais e compartilhe com seus amigos para eles curtirem também :)